terça-feira, 20 de julho de 2010

Deu no que deu


Esperar o quê de alguém que foi abandonado por uma mãe drogada e por um pai fichado na polícia 7 vezes? Criado pela avó, não teve uma família. O infortúnio deste goleiro está na mídia porque é a vida de gente famosa. Mas é uma história comum, banal – fruto de uma sociedade que não sabe mais onde enfiar tanta gente nos presídios, que se prende a si mesma em segurança atrás de muros, e que sofre a violência no próprio lar.  
 
Foi o ministro Gilmar Mendes que declarou num encontro sobre drogas, semana passada: “Só a Justiça não conseguirá vencer a guerra. Cada família, cada cidadão – somos todos responsáveis”. Agora então a solução para salvar a sociedade está na família? E a solução para salvar a família? O psicanalista francês Charles Melman já alertou: “A instituição familiar está desaparecendo e as conseqüências são imprevisíveis”. Isto todos percebem. O que se desconhece é a causa da falência do lar, ou seja, a ausência paterna. Segundo Melman, devido o declínio do referencial masculino na família, os jovens têm dificuldades para estabelecer um ideal de vida. Situação que evoca um desabafo do especialista: “Impressiona que antropólogos e sociólogos não se interessem por isso".
 
O desinteresse também é abordado pelo psicanalista brasileiro Rubens de Aguiar Maciel, ao afirmar que há descaso e desconhecimento científico sobre o tema “paternidade”. Sustenta que o pai é figura fundamental na estruturação da personalidade da criança e de seu papel. "É função do pai, estabelecer limites à criança, passar a noção de ela não é o centro do Universo (...) O papel de pai é mais normativo, tem a ver com as obrigações morais que ele deve ter diante de sua família. Já a função dele é algo mais profundo, diz respeito ao mundo interno da criança, à sua personalidade, seu lado emocional."
 
Por isto então o único mandamento do Decálogo que contém uma promessa, este que trata da família “pai, mãe, filho”. E por isto o recado do apóstolo:  “Filhos, o dever cristão de vocês é obedecer ao seu pai e à sua mãe (...) Faça isso a fim de que tudo corra bem para você, e você viva muito tempo na terra” (Efésios 6.1,3). Bruno, tragicamente, não teve pai nem mãe para obedecer e se dar bem na vida. Deu no que deu.
 
 
Marcos Schmidt

5 comentários:

  1. Não posso, de forma alguma, concordar com esta afirmação: "Esperar o quê de alguém que foi abandonado por uma mãe drogada e por um pai fichado na polícia 7 vezes? Criado pela avó, não teve uma família."
    Deus que me perdoe se estiver errado, e lhe perdoe por ter escrito uma frase tão discriminatória. Uma mãe drogada ou um pai fichado na polícia podem ter recuperação, mas não com alguém apontando o dedo para eles... você sabe quantas crianças são criadas pelos avós, nas classes menos favorecidas? Nem todos serão "Brunos", então, "só podia dar nisso" é matar o futuro deles...
    Marcos, e se Cristo tivesse dito ao malfeitor na cruz: "Fez o mal, deu no que deu!"? Ele não disse isso, ele jamais diria. Cristo deixou ensinamentos. Um deles, foi de não julgar para não ser julgado... outro foi de amar o inimigo e orar pelos que nos perseguem. Diante de Deus, não há distinção entre pecados, não há pecadinho e pecadão. O Bruno errou, vai ter que pagar. Eu e você erramos, julgamos nosso irmão, somos tão culpados quanto o Bruno. Aqui, neste mundo, sabemos que pecados causam maior ou menor dor e consequências, mas o pecado faz de nós iguais, perante Deus.
    Todos nós carecemos de perdão, Cristo morreu para que pudéssemos tê-lo.
    A crise na família está no centro da crise do mundo, da falta de amor, no desrespeito, e isso aparece também entre aqueles que se colocam como afortunados, que tiveram essa "boa criação", porque afinal, de que adianta família, se Deus não estiver no cerne dela, e o amor cristão não estiver nos nossos corações?
    Lembremos sempre que Cristo morreu por nós. Pelos Marcos, pelos Brunos, pelas drogadas, pelos fichados na polícia... Ele veio para os doentes, e não para os sãos, Ele veio buscar a ovelha perdida. Que Deus conceda ao Bruno que ele venha a conhecer a verdade. E a verdade poderá libertá-lo de conceitos pré-estabelecidos.

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  2. Pr. Alessandro Souto22 de julho de 2010 às 22:39

    A intenção do colega Marcos foi mostrar que onde a família não está estruturada as consequências podem ser desastrosas.
    O artigo não questiona o perdão tanto para o Bruno, como para o seu pai, a sua mãe ou qualquer outra pessoa. Se o Bruno se arrepender do que fez e confiar unicamente em Cristo é claro que ele receberá o perdão divino. É claro que a mãe drogada tem recuperação e o pai fichado na polícia também tem. Mas, a questão são as consequências que isto pode trazer para uma família. Não podemos fechar os olhos para isto. Esta foi a intenção do artigo. Não vejo isto como julgamento ou conceito pré-estabelecido.
    Todos somos pecadores, sem distinção, e precisamos do perdão de Deus oferecido através da fé em Cristo. E precisamos da orientação da Santa Palavra de Deus para seguirmos pelo caminho desejado pelo nosso bondoso Deus.
    A família é a célula principal da sociedade. Se a família não vai bem, a sociedade, a igreja, o mundo não vai bem.
    Pr. Alessandro Souto

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  3. Concordo com todos, se é que isso é possível. Mas acredito que foi infeliz a frase do Marcos. Pareceu discriminatória, o que não condiz com o amor cristão. O que me parece estar sendo questionado no primeiro comentário é que o texto chega a ser irascível, confesso que esperava mais. Gostei do debate de opiniões, o que falta á cristandade é atitude. Não fiquem bravos, neste abençoado blog também falta atitude. Falo isto somente com o intuito de provocar, não negativamente, mas provocar a atitude desta comunidade também tão abençoada, que agora parte para o mundo, através da internet. E na minha opinião, a falha do irmão Marcos é a mesma do irmão Alessandro. Um pouco mais de humildade a todos nós. Isto sim é Cristo falando por nossa boca e agindo através de nossos atos.
    Eu, o irmão Marcos, o P. Alessandro Souto, o anônimo, só queremos o crescimento do reino de Deus, mas buscando a ovelha perdida, e não apontando e julgando. Temos que levar a lei, mas também o Evangelho, pois a lei mostra o erro, e o Evangelho liberta. Cristo tornou-se nosso irmão. Isso quer dizer que se fez homem, igual a nós. Ele foi a todos, sem distinção. E Ele, como foi escrito no primeiro comentário, nunca diria: "Deu no que deu".
    Em Cristo.

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  4. É entendi o recado, mas a comentário: "Esperar o quê de alguém que foi abandonado por uma mãe drogada e por um pai fichado na polícia 7 vezes? Criado pela avó, não teve uma família." bem como o titulo: "Deu no que Deu.", realmente tornou a mensagem no mínimo suspeita de discrimação.
    Concordo com o Anônimo1.

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