sexta-feira, 9 de julho de 2010

Agonia do auto-controle

    Dizem que o problema da Seleção Brasileira foi o descontrole. Um desafio não só no esporte, mas em tudo. No Novo Testamento, o termo grego para domínio próprio é “agonidzomai” – de onde vem o “agonizar”. O apóstolo Paulo usa esta palavra para dizer que aquele que deseja ganhar o prêmio que não estraga, precisa agonizar o corpo a fim de não ser desqualificado (1 Co 9.27). O poeta romano Horácio, contemporâneo de Paulo, também declarou isto, que “o jovem atleta que deseja vencer nas corridas precisa suportar muito e fazer muito; abster-se do amor e do vinho”.  Mas não foi isto que Dunga impôs aos jogadores? Qual foi então o motivo da derrota? O problema está na cara, ou melhor, no coração.

    A dificuldade da Seleção Brasileira é uma característica nossa, destes tempos de extrema competitividade. Em tudo precisamos provar que somos os melhores, e no estresse do jogo da vida e da morte, perdemos no segundo tempo. O goleiro do Flamengo, por exemplo. Se as suspeitas se confirmarem, foi pura falta de controle que o transformou em assassino da ex-amante. E esse PM que matou o motociclista na blitz policial em Caxias do Sul? Foi descontrole. O que acontece no campo de futebol diante de milhões de expectadores, se dá na vida real fora dos gramados. E pior, acontece com nós. No trânsito, no serviço, no supermercado, na família... E desse jeito perdemos o prêmio – a coroa da temperança, do bom senso, da vida.

    Aristóteles escreveu: “Considero mais corajoso aquele que domina os seus próprios desejos do que aquele que conquista os seus inimigos; pois a vitória mais difícil é a vitória sobre o próprio eu”. Paulo sabia disto e por isto confessa: “Não faço o bem que quero, mas justamente o mal que não quero fazer é eu que faço (...) Como sou infeliz! Quem me livrará deste corpo que me leva para a morte?” Ele logo responde num desabafo: “Jesus Cristo” (Romanos 7.19, 25). Na carta aos Gálatas lembrou que um dos frutos do Espírito Santo é o domínio próprio (5.23).

    Ao admitir que o maior inimigo sou eu mesmo, então, e só então, começa o treinamento. Uma agonia, sem dúvida, mas que redunda em domínio próprio. O único jeito nesta competição. Por isto a recomendação: “Que o Espírito de Deus, que nos deu a vida, controle também a nossa vida” (Gálatas 5.25).



Marcos Schmidt
pastor luterano

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