quinta-feira, 1 de julho de 2010

DE GRAÇA SÓ DO DEUS DA GRAÇA


         Acompanhando um debate no rádio sobre o badalado anúncio da criação de um genótipo sintético, chamou-me a atenção uma frase do professor de bioética da UFRGS José Roberto Goldim. A frase é: “ciência busca conhecimento, tecnologia busca um produto”.
         A frase referida foi dita durante a discussão sobre o problema ético que envolveria uma descoberta de tamanha repercussão e importância estar já patenteada e com o interesse de seu descobridor totalmente voltado para o mercado e não para o conhecimento, e os perigos que poderiam resultar disso.
         Sem entrar na discussão desta descoberta e dos perigos ou esperanças que dela podem surgir, até porque é tudo recente ainda e é melhor aguardar maiores informações antes de expressar uma opinião, gostaria de nesse espaço discutir um pouco mais a frase do professor Goldim trazendo para um contexto de fé cristã.
         A primeira comparação que me veio à mente quando ouvi essa frase foi entre o ser humano movido pelo mercado, pelo material, pelo lucro e o Deus da graça.
Mesmo naquilo que pode significar, ou não, um avanço científico benéfico para a humanidade, o pecado da cobiça se faz presente mostrando um ser humano que não conhece o conceito de graça porque está longe de Jesus Cristo.
         Nada é de graça - a não ser o amor de Deus em Cristo! O ser humano pecador quer sempre ter, ganhar, explorar e isso sempre aparece, ainda que camuflado numa badalada e inovadora descoberta científica.
         Entretanto conhecemos um Deus que a ciência não conhece até porque a razão humana não o comporta – um Deus que apesar de ter em sua propriedade a patente de todo o universo, não cobra nem o ar que respiramos; um Deus que não ganha para si mas conquista para os outros, para nós, ainda que tenha investido muito, até mesmo a vida do seu único Filho.
         Também lembrei da imperfeição humana contrastada com a perfeição de Deus.
Ficamos maravilhados só em ouvir a palavra “tecnologia” e desfrutamos até como uma bênção do Criador de uma série de benefícios proporcionados pela tecnologia. Mas ela é sempre imperfeita como é imperfeito o ser humano. E toda nova descoberta, por mais impactante, sempre precisa ser avaliada para bem e para mal dependendo justamente da ação do mesmo ser humano que a criou.
         Uma célula sintética pode ser promissora ou catastrófica porque por mais avançada que seja, é sempre obra de mãos humanas – e o perfeito, que não levanta questionamentos, é sempre e unicamente obra de Deus.
         Mesmo assim, o ser humano imperfeito continua repetindo o episódio da Torre de Babel, tentando com suas imperfeitas obras chegar até o céu e colocar-se no lugar daquele que é perfeito!
         Basta ler as primeiras manchetes na tv, no jornal e na internet sobre essa descoberta para perceber, implícita ou explicitamente reverências à obra humana como desafio à ideia de um Deus Criador e Mantenedor da vida.
         É pena que a humanidade esqueceu Babel e continua tentando subir até Deus para desafiá-lo em vez de reverenciar e adorar o Deus que desce até nós através de Jesus Cristo, como ouvi numa pregação no Domingo de Pentecostes.
         Sem diminiuir o feito noticiado, o maior de todos os fenômenos genéticos já aconteceu e foi anunciado não por mídia humana, mas pelo anjo Gabriel diante de uma espantada Maria – o Deus eterno e infinito se faria um de nós e viria até nós para nos trazer algo realmente grandioso e benéfico em todos os sentidos.
         Naquela célula estava uma salvação não sintética, mas verdadeira, de graça, do Deus da graça.

Rev. Rafael Nerbas - Pastor da IELB

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