sábado, 12 de fevereiro de 2011

Estudo: A Oração do Pai Nosso - parte 2

O PAI-NOSSO

            Atendendo ao pedido dos discípulos, Jesus lhes ensinou o Pai-Nosso. Em poucas frases, trata de tudo o que necessitamos. Já que ela é tão breve e abrangente, é preciso estar consciente do que se pede em cada uma de suas partes e tomar cuidado para que, ao dizer esta oração, ela não se torne um simples recitar mecânico de palavras vazias porque lhe desconhecemos o sentido ou porque as dizemos sem a devida reflexão. Por isso, vamos comentar, resumidamente, o que significa cada petição incluída nesta Oração do Senhor.

 

A INTRODUÇÃO

“Pai nosso, que estás nos céus”


Nesta, que é a maior das orações, Jesus nos ensina a chamar Deus de nosso Pai. A palavra Pai deve inspirar nossa completa confiança em Deus.  Nós somos seus filhos; e assim como crianças pequenas confiam em seu pai terreno e falam com ele, assim nós podemos confiar em nosso Pai celestial e com ele falar.
Ele é nosso Pai.  A palavra nosso lembra que não somos indivíduos solitários, e autônomos, mas que, com todos os outros cristãos, formamos a grande família do Pai, e oramos não somente por nós mesmos, mas também uns pelos outros.

 

PRIMEIRA PETIÇÃO

“Santificado seja o teu nome”


O nome de Deus é santo por si só.  Mas nós, os seus filhos, por uma vida indigna, poderíamos desonrar o santo nome de Deus. Pedimos aqui que Deus faça com que nós tenhamos, a Ele e a Sua Palavra, na mais elevada honra, que o amemos e glorifiquemos com a nossa fé e a nossa vida.  O nome de Deus é santificado quando a sua palavra é ensinada e aceita em pureza. Por outro lado, o nome de Deus é desonrado quando se ensina doutrina errônea ou quando não se crê ou não se vive de acordo com os seus ensinamentos.
 Mt 5.16: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a  vosso Pai que está nos céus.”

 

SEGUNDA PETIÇÃO

“Venha o teu reino”


O reino de Deus é o domínio divino no qual ele governa, trabalha, age e realiza tudo o que diz respeito à salvação dos homens.  Assim, o apóstolo Paulo diz: “O reino de Deus não é comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 8.17). Nossa justiça diante de Deus é Cristo, mediante a fé, e esta paz enche nossos corações de alegria.  Por isso, Jesus diz que “o reino de Deus está dentro de nós” (Lc 17.21). O que pedimos nesta parte do Pai Nosso é que esta fé salvadora --- a marca do reino de Deus --- venha e seja sempre mantida em nós e também estendida aos outros seres humanos (Reino da Graça).  Para isso, suplicamos também que Deus domine sobre o mundo, dando-lhe ordem e mantendo a paz entre os povos (Reino do Poder - Sl 22.28; 103.19).  Finalmente, pedimos que o reino celestial preparado para os filhos de Deus, venha brevemente para nossa redenção e alegrias eternas (Reino da Glória - Mt 25.34).
 2 Ts 3.1:No demais, irmãos, rogai por nós, para que a palavra do Senhor tenha livre curso e seja glorificada, como também o é entre vós;

 

TERCEIRA PETIÇÃO

“Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”


Nesta petição pedimos que a vontade de Deus seja feita tão perfeitamente aqui na terra como os anjos a fazem lá no céu. Suplicamos que a vontade graciosa de Deus, que deseja que todos os homens sejam salvos, aconteça de fato. O diabo é nosso adversário, o amor às coisas do mundo nos afasta do Pai e nossa carne é inimiga de Deus. Assim, pedimos que Deus vença em nós todos estes inimigos, fortalecendo e preservando nossa fé pelo estudo da Bíblia e participação dos sacramentos e ajudando-nos a viver vida santa e consagrada.
 1 Ts 4.3: “Pois esta é a vontade de Deus, a vossa santificação”.
 1 Jo 2. 15: “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele”.

QUARTA PETIÇÃO

“O pão nosso de cada dia nos dá hoje”


A palavra “pão” inclui tudo o que precisamos para sustentar a nossa vida: o alimento, roupa, moradia, bom governo, bom tempo, saúde, emprego, etc. --- enfim, tudo o que precisamos para o sustento da vida corporal.  Pedimos também tranqüilidade e paz no nosso relacionamento com outras pessoas.   Deus é tão bom que, na verdade, dá o pão de cada dia a todos, mesmo aos descrentes, que nunca o pedem e não reconhecem o pão de cada dia como bênção de Deus; mas nós, cristãos, queremos, com este pedido, demonstrar a Deus nossa dependência dele e o nosso reconhecimento de que tudo o que temos e somos (mesmo as pequenas coisas) vêm dele, e somente dele (de Deus).
 Mt 5.45: “Ele (o Pai celeste)  faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos.
Sl 145.15,16: “Em ti esperam os olhos de todos, e tu, a seu tempo, lhes dás o alimento. Abres a tua mão e satisfazes de benevolência a todo o vivente”.
Por outro lado, quando dizemos “nosso” nós também queremos incluir os necessitados e estar dispostos a repartir com eles o pão que Deus nos concede (Hb 13.16; Is 58.7).
Com a palavra “hoje” expressamos a nossa confiança em Deus, a certeza de que não precisamos “andar ansiosos pela nossa vida quanto ao que havemos de comer ou beber ou vestir”, e coisas semelhantes, “pois o nosso Pai celeste sabe que necessitamos de todas elas”.   
Nesta petição estamos pedindo a Deus o necessário para a nossa vida: nem muito pouco, nem demais. Nela revelamos a mesma confiança de Paulo, em Rm 8.32.
 Rm 8.32: “Aquele que não poupou a seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura não nos dará graciosamente com Ele todas as coisas?”
 Mt 6.33: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino (de Deus) e a sua justiça e todas estas coisas vos serão acrescentadas”.

QUINTA PETIÇÃO

“E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também perdoamos aos nossos devedores”.


Nesta petição, reconhecemo-nos pecadores diante de Deus e pedimos que Ele nos perdoe de todos os nossos erros e desobediências, mesmo dos que nos são desconhecidos. Mas, para que recebamos este perdão, é preciso verdadeiro arrependimento, um arrependimento que procede da fé. Este arrependimento não combina com egoísmo e orgulho. Por isso acrescentamos: “assim como nós perdoamos aos nossos devedores”. De fato, Deus não pode perdoar a quem não perdoa o seu próximo, pela simples razão de que não somos em nada melhores que os outros. Cristo perdoou todos os nossos pecados; que direito temos nós de não perdoar os erros dos outros contra nós? Somos chamados a perdoar sempre, quantas vezes for necessário (Mt 18.21-22), assim como Cristo nos perdoa. (Parábola - Credor Incompassivo: Mt 18.21-35).
1 Jo 1.8-9: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade, não está em nós. Se confessarmos os nossos, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”.

SEXTA PETIÇÃO

“E não nos deixes cair em tentação”


Deus não tenta ninguém para o pecado ou para o mal (Tg. 1.13). Os que nos tentam são o diabo, o mundo e a nossa própria natureza pecaminosa. Pedimos força e sabedoria para não cairmos nas ciladas destes inimigos; que possamos ter força para resistir, evitando cairmos em graves pecados, ou negarmos a nossa fé.  Mas Deus às vezes permite que nos sobrevenham tentações para o bem, ou seja, situações que, embora más à primeira vista, servem para purificar e fortalecer a nossa fé e nosso amor para com Ele. 
Nesta petição, portanto, pedimos que Deus não permita sofrermos provações que não possamos suportar. E se, porventura, formos vencidos pelo pecado ou pelo mal, que Deus nos dê forças para nos arrependermos e nos reerguermos. Por outro lado, nós também devemos evitar de nos expormos ao perigo. Se somos libertados do mal estamos seguros e salvos.
            1 Co 10.13: “Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel, e não permitirá que sejais tentados além de vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar”.

SÉTIMA PETIÇÃO

“Mas livra-nos do mal”


Enquanto no mundo, estamos sujeitos a toda sorte de males. Nesta última petição pedimos que Deus nos livre de tudo o que possa ser prejudicial, tanto ao nosso corpo quanto à nossa alma, dando-nos proteção contra o diabo, nosso adversário e de toda espécie de calamidades e desgraças. Por outro lado, se for de sua vontade que algum mal nos sobrevenha, nos dê forças para suportá-lo. Oramos assim por sabermos que, se permanecermos fiéis a Cristo até ao fim, finalmente alcancemos o livramento total do mal, por uma morte bem-aventurada que nos levará para a ressurreição para a vida eterna na Glória celestial.  (Confira Ef 6.10-18).
 2 Tm 4.18: “O Senhor me livrará também de toda obra maligna, e me levará salvo para o seu reino celestial”.

 

CONCLUSÃO

“Pois teu é o reino, e o poder, e a glória para sempre. Amém.”


            Este final da oração do Pai Nosso é uma expressão de fé e de louvor a Deus. É um grande final para uma grande oração. Expressa a certeza de que Deus é totalmente poderoso para realizar e atender-nos em tudo o que pedimos. Para perceber mais vivamente o sentido destas palavras acrescente-as sempre após cada petição.
            Nesta doxologia final reconhecemos que tudo está nas poderosas mãos de Deus; que Ele tem poder e autoridade sobre todas as coisas; que Ele é o único que quer e pode atender nossas orações; e é o único que merece toda glória, honra e louvor, pelo que já tem feito, pelo que está fazendo, e pelo que ainda fará.  Por isso, expressamos aqui a nossa dependência de Deus e nossa submissão à sua vontade.
            O “amém” também é uma expressão de confiança. Com ele confirmamos a nossa oração e expressamos a nossa certeza de que Deus nos ouve e atenderá, segundo a sua boa e sábia vontade.
            Sem dúvida, é de extraordinária riqueza o conteúdo desta oração, que o Senhor Jesus nos ensinou. É por esta razão que o Pai-Nosso é largamente utilizado pelos cristãos nos cultos públicos, devoções e vida particular. Especialmente nos momentos de grande angústia ou emoção, em que nos faltam as palavras para uma oração, o Pai-Nosso tem sido um prato cheio. Por ser uma oração comum a todos os cristãos, é também uma oração que une toda a cristandade em uma só mente e coração, como povo de Deus.

“Orai sem cessar” (1 Ts 5.17).

Pastor Alessandro Souto

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